Nas palavras, o final de semana

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A minha adaptação no Autonomia não demorou a se tornar real, logo fiz grandes ciclos de amizades, estes que por sinal durarão a vida inteira. Sempre soube da escola técnica, CEFET (agora IFSC), mas nunca me interessei num aprofundamento. Daí surge a ideia (nada repentina) da mudança de escola. No momento meus pais não me deram muita escolha, foi tudo meio carinhosa e queridamente solicitado (sem a opção de recusar). Na época estava namorando, um namoro muito bom pra falar a verdade, um dos melhores que já vivi e não nego isso, e, foi esse o fato que me “impediu” de passar na primeira tentativa ao CEFET. Frustração? Mais pela parte dos meus pais, não era e nem é o colégio que eu queria estar estudando. Depois de um mês já tinha aceitado a ideia de fazer a segunda prova e passar. Pelos meus pais novamente fiz a escolha, não pensei em mim. Estava namorando, isso atrapalhou muito mas já havia me conformado a desta vez, fazer pra passar. Não foi difícil, prova fácil, menor número de pessoas, mais vagas para os alunos. Foi então que eu ingressei. Me lembro do dia, estava no Paula Ramos e recebo a ligação, na hora uma mistura de ódio, frustração, receio e felicidade tomaram meu corpo. A voz doce da minha mãe no telefone anunciava o começo de outra etapa na minha vida... Nos primeiros dias de “mono” aquela tortura, brincadeiras, gritos, risadas. Já tinha me adaptado. Ao final do semestre como de costume, todas as notas acima da média, novamente eu passando, sem recuperação, ou no caso do CEFET, pendência. Parabéns? Não, no máximo um muito bem, talvez até um parabéns mas acompanhado de agulhadas do tipo “esse S podia ser um E” “Tu é um aluno um pouco acima da média ou um aluno 10?” “Essas notas estão bem abaixo do teu potencial”. Não que eu esteja dando uma de adolescente revoltado, uma criança que resolveu falar, mas quando o assunto que se trata é escola, eles nunca estão satisfeitos. Nenhum dos dois podem negar isso. Mas enfim, passei direto como segue a “ditadura escolar” que se manifesta a 15 anos na minha casa. No final do ano tenho a sorte de encontrar na minha vida, uma pessoa maravilhosa, uma menina linda. E se é tão linda por fora, pode jogar mais 4 vezes por dentro. O namoro não atrapalha a escola em si, nunca me atrapalhou e ainda sim meus pais continuavam duvidando da minha capacidade de namorar + estudar. Semestre novo, ano novo, relação nova, problemas velhos. Começo o ano desligado, vou mal nas duas primeiras (de 4) provas de física, química, biologia e matemática. Recupero Química, Biologia e Matemática. Parabéns? Quem sabe, mas chegou a passar despercebido, e se recebi, foi de origem paterna. “Era pra recuperar todas!”, “e física não precisa?” foram, no geral, as palavras incentivadoras. Reunião dos pais na escola = Reunião familiar. Devido a conversa (não nego), bagunça (nego), notas baixas (não nego) e namoro (nego) perco: Futebol, entradas semanais na internet, direito de sair aos finais de semana. Em tese minha vida foi reduzida pela metade. Continuo minha vida letiva. Convivendo com quem eu gosto, fazendo o que tem que ser feito... e seguindo o padrão escolar e também dos seguidores de Hitler, ou melhor, como filho perante de pais somente mais atenciosos que o normal. De lá pra cá? Nenhuma nota baixa! Prova 3 de física, prova de recuperação de biologia, química e matemática, prova de desenho geométrico, espanhol, português e todas as notas acima da média (com excessão de artes). Reconhecimento? Completamente desnecessário para um mísero adolescente que não trabalha e como dizem os pais de 95% das casas “tem somente a obrigação de ir bem na escola”. Como se fosse tão fácil ir bem quanto falar, como se fossemos máquinas do saber. Não nego quando faço alguma coisa errada, falo sempre a verdade, mas dessa vez fui injustiçado. Fui retirado da sala 2 vezes em 2 dias. Acho desnecessário escrever as situações mas quem sabe, sabe que eu não tive a mínima culpa. Resultado? Ligação da escola para meus pais = nova reunião familiar. Explico para minha mãe (frustadamente) o quanto eu realmente fui “inocente”. Resultado? A morte! Pois quando se perde a vida, só nos resta a morte... Em palavras mais específicas, minha morte significou: SEM MESADA, SEM FUTEBOL, SEM SAIR, SEM CELULAR, AMEAÇA DE TROCAR DE CURSO, AMEAÇA DE PROIBIÇÃO DE NAMORO, SEM INTERNET. O motivo nem eu sei ainda, tinha tudo isso antes, daí eu não faço nada e perco tudo? Estranho... Castigos não animam a estudar, muito pelo contrário. O esporte é recomendado por todos os campos da saúde a ser praticado mais de 5 vezes por semana durante um período curto, agora o único que fazia (em 1 dia da semana) foi pro espaço. O dinheiro eu usava para gastar quando eu precisasse. Sair com amigos é simplesmente a melhor forma de lazer. O computador nessa idade acho que é normal, tenho uma rotina bem cheia e praticamente não o uso, vão proibir o que o tempo já me proíbe? O namoro? Acho que é difícil de proibir meu namoro uma vez que estudo na mesma escola que ela. Me trocar de curso? Uma puta hipocrisia, foram os que mais insistiram em eletrônica e agora querem me trocar? Isso é pra proinir o namoro? Ah francamente... já estudo na escola por vontade única do meu ingresso por vocês, vocês escolheram o curso, me tiraram do Autonomia e ainda querem trocar o meu curso? Ah me poupem. Será que para sempre serei, ou deverei ser, perfeito? Será que talvez eu não possa ter uma dificuldade em física? Acho que de todas as matérias do ensino médio eu tirar 2 notas baixas em uma matéria e perder tudo que eu tenho não volta a ser um pouco a era de Führer? Não, eles não ligam! Dificuldade? Eu tenho totais condições pra vence-las sozinho, sou um ser perfeito... Acho que a intolerância dos professores anda mais fácil de lidar do que a dos próprios pais. Condenar-me temporariamente ao “poço” é totalmente proporcional e justo a alguém que pela primeira vez na vida tirou notas baixas. Já entendi a mensagem, pra falar a verdade vocês é quem mandam e não vão mudar esse jeito fofo, compreensível e simpático de ser não é mesmo? Enquanto eu não der a louca sozinho (porque não me sinto nenhum pouco confortável em pedir ajuda para vocês) e encarnar o Einstein vocês não sossegarão. Me desculpem se não sou demais como o esperado, mas não esqueçam, assim como não sou o melhor da turma, vocês não são os melhores nos serviços de vocês e nunca foram os melhores alunos da classe. Quando pensaram em ter um filho, estavam mais do que cientes dos desafios que esse podia proporcionar e mesmo assim tiveram. Não sou o pior filho do mundo, é de conhecimento de ambos o meu amor infinito por vocês, assim como eu não duvido dos seus sentimentos. Quero também pedir desculpas, do fundo do meu coração queria poder agradar vocês como um ser bom, perfeito, sei lá, vocês merecem. Para ser sincero são poucas as coisas que me mantém com vontade de continuar estudando no CEFET, e vocês são a principal. Eu não vou conseguir sem vocês, e vocês já estão começando a me abandonar...
Acordei sem a mínima vontade de sair da cama, ouço meus pais conversando baixo e pela primeira vez na vida não quero conversar com ele. O dia pós briga. O dia pós a minha “morte” está bem tenso. Se depender de mim, ficarei trancado nesse quarto para sempre. Não fui treinar, minha mãe simplesmente disse aos meus amigos “Hoje ele não vai” quando no momento eu não sei qual o problema de falar “ele está de castigo eterno”. Meu pai chegou a pouco do trabalho, trabalhou das 20:00 ás 8:00 e agora tenho vontade de abraça-lo, o problema é que sei que ele vai dar broncas e eu vou ter que escutar ele de novo. Levar bronca da minha mãe é não me incomoda muito, ela é mais explosiva , mais esquentada, ver o meu pai me dando bronca, se dispondo a vir até mim e falar o que eu tenho feito de errado é o que mais me deixa triste. O pai é mais calmo, mais tranquilo e não combina com ele esse tipo de coisa. Fico mais chateado em vê-lo brigar comigo, do que em receber a bronca. Fiquei uns 50min discutindo com minha mãe ontem. Não sei porque ela pediu para falar o que aconteceu se nem ao menos deu bola. Não sei se interpretou como uma desculpa esfarrapada ou se achou que eu falei a verdade, que não tive culpa em nenhuma das vezes, mas ainda sim, não relevou minhas palavras. O pior de tudo com certeza foi ter perdido tudo, o segundo foi com certeza ter sido chamado pela minha própria mãe de “malandro”. Malandro mãe?! Tenho mais o que ser na vida do que um filho de uma puta de um “malandro”. Minha mãe acha que eu não escuto o que ela fala, ou que ela pode falar, me chamar do que ela quiser que eu não ficarei triste. Mas os filhos são assim como ela disse, não tenho direito a nada. Na escola, somos simples alunos que tem que obedecer a todo mundo, em casa, somos míseros filhos que devem, por dever e obrigação, obedecer aos pais e a qualquer pessoa mais velha ou que seja digna de um respeito. Prometi que ligaria pro Biel a para a Helo para dizer como tinha sido. Sem celular não consegui falar com nenhum dos dois. Ficaram esperando eu ligar e nada. Hoje é dia dos namorados e com certeza eu não poderei sair. Quem me dera se fosse só hoje. Terei que abraçá-la e presenteá-la na segunda de aula. Nunca falei para minha mãe o quanto eu gosto da Helo , nunca falei que é mais que ela imagina, que meu sentimento por ela é mais que um “amor adolescente” porque para eles, nós adolescentes não podemos nem amar de verdade, as meninas que gostamos são sempre só mais uma. Capaz de acharem esse texto muito depressivo porque eu não tenho nem o direito de me queixar das coisas, minha vida é perfeita e se me queixo na frente deles, sou submetido a ouvir histórias sobre suas infâncias acompanhado de um “ainda achas tua vida ruim?”. Hoje é sábado dia dos namorados, e dia também da discórdia, do ódio, da intriga. Feriado da desgraça na casa da família MBZ. Conto com os dedos de uma das mãos as vezes que abri a boca para falar hoje. Devo ter dirigido a palavra à minha mãe três ou duas vezes e nenhuma com meu pai. Aproximei-me do meu pai e beijei sua cabeça depois que ele acordou de uma cansativa noite de trabalho. Esperava qualquer palavra dele, uma bronca, um bom dia, um beijo. Meu pai simplesmente me ignorou, a pessoa que eu mais esperava poder contar. Decidi botar, finalmente, na minha cabeça que as pessoas que eu mais necessito, que sempre foram o meu porto seguro, me deixaram sozinho. Não sei se estou certo ao pensar assim. “Meu barco andava com três marinheiros, após uma parada em um porto, dois deles ficaram, afirmando me reencontrar no próximo ponto. Remei sozinho por quilômetros e quilômetros. Já cansado, exausto quando paro no tal ponto me abordam, me assaltam, e vejo mais dois fiéis escudeiros dando meia volta e fingindo que não me conhecem, me deixam na mão... Sozinho minha batalha contra os homens fica quase impossível, estou sozinho e continuo tendo um grande desafio pela frente resta agora saber o fim dessa luta. Está tudo bem mais próprio para o meu fracasso mas nada é impossível eu diria.” Hoje pensei muito, em muitas pessoas, fiquei no meu quarto deitado na cama por umas consideráveis horas. Pensei principalmente na Helo, ela me ajudaria muito nessa hora, queria ao menos ter ligado pra ela. Troqueis os seus presentes de lugar umas 38 vezes. Amanhã nos veriamos pois hoje ela trabalhou. Veriamos do verbo “não nos veremos mais”. Tentei fazer de tudo essa semana para que não acontecesse nenhum imprevisto, nenhuma pedra no caminho do nosso encontro e perco de vê-la no “nosso” dia por injustiças...Pensei o quanto eu queria ser como eles (os gênios). Sem muitos amigos, sem namorada, mas e daí? Deixam os pais felizes tirando todas as notas acima da média. Trocaria minha vida por inteligência sem hesitar em um momento com este. Não sou digno de ter os pais que tenho, não sou merecedor de ter nascido na família que nasci. Acho que não devo nem ter filho para não sujar a “linhagem”. “Ah olha lá o filho do malandro”. Não valhe a pena... Minha mãe me disse até que devo me preocupar mais com os deveres do que com meu “blogzinho” por isso estou desabafando em papéis brancos. Esse já é o quarto que utilizo os dois lados. As ideias, a tristeza fervem em minha cabeça. Se eu me visse agora, diria que essa expressão nunca sairia da minha cara. Minha mãe veio, durante a tarde no meu quarto, me cutucou com força e raiva e disse que eu tinha que “dar um jeito na minha vida” e que pra eu ficar “emburradinho” no meu quarto. Quem me dera eu fosse só “emburradinho” e acho que um tiro na cabeça seria uma boa maneira de dar um jeito na minha vida, mas seria egoísta demais da minha parte, e eu sempre penso primeiro nos outros, esse é o meu problema. Deitado no meu quarto a cada segundo que passa, a trsiteza domina mais meu corpo e minha cabeça. Levanto, ando no pequeno espaço do meu quarto, volto a me deitar. Escrevo como uma tentativa completamente frustrada de me distrair e pensar no pior. Lagrimás invisíveis correm pelo meu rosto, se eu fosse um dedo mais fraco, estaria chorando feito um bebê. E lembro da última vez que chorei , e como chorei, berrava, fungava, tossia, estava desesperado. Isso fazem uns dois ou mais anos. Tenho a certeza que não estava triste e solitário quanto agora. Naquele dia minha mãe ouviu e foi me acolher, me abraçou e com certeza aquele abraço é o que eu mais preciso agora. Daria tudo para que ela abrisse a porta, que cada vez mais está me sufocando e viesse ao meu encontro. Mas me resta 0,5% de esperança que eles demonstrem qualquer tipo de sentimento nesses dias, talvez meses que estão por vir. Parece que estas paredes vão me engolir. Acabei de escrever outa carta para a Helo. Coloquei na sacola do presente dela que cheguei perto pela 39ª vez no dia. Que saudade sinto agora, que vontade de te-lá aqui agora comigo, que vontade de ter qualquer pessoa aqui comigo. Nada me distrai. Estou ouvindo música, os fones estão tocando a horas, acho que já tocaram as 682 músicas umas 3 vezes (ou quase). Não tenhoa mínima noção do tempo, levanto e olho a lua pela janela. A noite está mais clara que a escuridão dos meus dias e eu ainda não me conformei de tudo que minha mãe pensa de mim é que sou um “baita de um malandro”. Como eu queria ser bom, acho que a única coisa que sei fazer é jogar futebol, e nem isso direito. Decepcionei meu pai não passando no teste do Avaí. Decepcionei todos, decepciono sempre. Despair in the departute lounge é a música que escuto agora, é legal, bonita, mas não me alegra. Nem um forró me animaria agora. Esse dia tem 48 horas? Pois está demorando uma eternidade para passar. Agora são 21:16 e os ponteiros do relógio se alinham, meu tédio está reparando até nisso. Será que nasci na família errada? Será que me enganaram? Acho que o fulaninho cdf devia ter nascido na minha família, faria dos meus pais, com certeza, mais feliz do que eu os faço! Se é que umas mosca não os faria mais felizes do que os faço... (Agora as paredes me engoliram)
Sinto-me perdido na minha própria casa, percorro um labirinto dentro do próprio lugar que eu habito. Estou desnorteado. Alguém por favor, me mostra a luz.